Sobre Mim

Uberlândia, Minas Gerais, Brazil
Ou Sindéia Sicrana Silveira Sivirina da Silva, ou simplismente Sih é mais fácil. Uma clown iniciante, sem muitas experiências, que ainda tem muito a aprender tanto nas aulas, quanto atuando. Disposta a adicionar compromissos na agenda o/ -q

quinta-feira, 12 de março de 2009

desculpe sumir ;//

Porque... eu estava sem tempo, e o Discipuluz voltou, e escola, e falta de criatividade... que seja.
Vou explicar uma coisa: O Hospital do Cancêr de Uberlândia [que fica do lado da UFU/Medicina] não tem UTI então, eles usam a UTI da Medicina e quando melhorar, volta pro hospital do cancêr.
Então, no último dia que eu fui [depois disso não fui mais por causa do Discipuluz e porque minha roupa de palhaço não estava pronta], quando eu passei na UTI - tínhamos passado em quase todos os leitos- entramos em um leito lá, que tinha um menino chamado Andrey, com cancêr -não sei de que-, e o menino devia ter uns 3 no máximo 5 anos.
Mas ele estava lá, sem nenhum pelo/cabelo, a pele branca, sem brilho ou algum sinal visual de vida, os olhos, como duas jabuticabas, pretos, opacos. Muito magro, quase raquítico, ligado à aparelhos, pequeno, delicado, frágil.
Com trauma de sempre que vão pra lá, vão pra medicá-lo ou coisa assim, sempre que falamos alguma coisa ele diz: "Não" e é um não firme, acho que ele junta todas as forças pra falar aquele não. Mas então fomos cantar pra ele. E a Enide, a mulher que está na frente desse projeto -se é que posso chamar assim-, ela falou: Oi, Andrey, tudo bem?
Ele respondeu: não.
Ela o ignorou, pois sabia que ele só falava não. Então continuou: nós vamos cantar uma musica pra você, pode ser?
Ele: não.
Ignoramos de novo, e começamos a cantar. A mãe não tirava o olho do aparelho, que ao passar a música ia se acalmando, o menino não tirava o olho de mim -que estava ao lado na cama, na frente da mãe-, e eu não conseguia tirar os olhos dele, não conseguia movimentar os olhos, não conseguia nem piscar direito. Os olhos eram estranhos de se ver, mas era sustentador que o menino falava com o olhar: Pelo amor de Deus, me tire daqui, tire essas coisas de mim, tire essa doença de mim. E ao perceber isso, meus olhos encheram de de lágrimas, ele liberou meu olhar, eu pisquei algumas vezes, mudei o lugar pra onde olhar, mas como um imã puxa o metal, os olhos dele puxaram o meu, e transmitiram a mesma coisa.
A música acabou, ele não tirou os olhos dos meus -e eu olhei pra porta. a Enide disse:
-Agora Andrey, nós vamos embora, tudo bem?
Ele: - não. -num tom de como se fosse óbvio que ele queria que a gente continuasse.
- Você quer outra música então? - perguntou a Enide, confusa.
- Sim, eu quero. - respondeu o paciente.
Na hora que ele disse isso, todos se surpreenderam, eu olhei pra ele, ele ignorou o olhar dos outros e fixou os olhos nos meus de novo. É incrível o tanto que essa criança conseguiu fixar o olhar, no olhar de outra pessoa. Ainda mais um paciente de doença terminal, na beira da morte. Normalmente, elas -as crianças- são vergonhosas, não olham pra nada nem ninguém. Mas ele não, se ele não olhasse pra mim, ele fechava os olhos e sorria. Se eu não olhasse pra ele, eu olhava pra baixo e corava, por encarar uma pessoa por tanto tempo. Cantamos outra música, e depois ele pediu outra, e depois da outra... Qual é, a gente não podia ficar a vida inteira lá, tocando pra ele, sei que faz bem pro Andrey, mas tem outras crianças. Então, fomos embora. E quando eu contornei a cama dele, em direção a porta ele gemeu um: não... Tão implorativo que minha vontade de se jogar na cama dele, e contar histórias pra ele, e brincar com ele, e apertar ele, não foi pouca.
Aquilo me marcou tanto. Ver um menino que só fala não, implorar por mais uma música. E seus olhos? Ah, seus olhos de pequenas jabuticabas secas e sem luz... Tão expressivos, tão nessecitados de ajuda...
Nunca mais vou esquecer do Andrey.
E é estranho porque, em hospital, o que é melhor, a pessoa -com uma doença terminal- sair de lá? Ou continuar? Porque, não é toda vez que a pessoa sai de lá, que ela sai viva. Não sendo pessimista, mas sim, realista. E se eu voltar lá? E se ele não estiver lá, porque morreu? E toda a vida dele? Todos os parentes, amigos... Todo um futuro... A vida dele acaba com 5 anos simplesmente? Enquanto outras pessoas vivem 100 anos? Uma pessoa que parece ser tão simples, tão amável... Imagine-o brincando no quintal, tomando chuva porque ele é saudável, estudando, dormindo na casa de amigos... Que ótima vida que ele poderia viver... E largar tudo, pra passar seus últimos dias em um hospital? Ouvindo um barulho irritante do aparelho que indica seu coração, todo dia tomando um tratamento que talvez nem vai melhorar as coisas... Correndo riscos e mais riscos 24 horas. Não que a gente não corra riscos, mas nós não somos tão frágeis.
É isso.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

14/02/09 o começo de mais um ano

bom, vamos começar com isso, porque o ano começou e eu também comecei a ir no Campus da UFU, ou na Madicina. Como prefirir.

Aos três meses, Luis Felipe, filho de uma família digamos pobre, foi para o hospital porque não conseguia respirar. Depois disso ele teve que fazer traqueostomia -ou seja um buraco no meio da garganta que põe um aparelho pra mandar ar pro pulmão dele. Hoje Luis Felipe tem 2 anos e esses dois anos ele ficou internado na enfermaria, esses dois anos a mãe ou parentes tiveram que se revesar pra ficar lá com ele. E só hoje o Luis esta quase indo pra casa, isso porque ele está levando pra casa uma bombinha que a mãe tem que ficar apertando toda hora, e ele ainda esta com a "mangueirinha" ao pescoço. e não se sabe, se ou quando ele vai tirar aquilo do pescoço.
Agora eu pergunto. Quantas vezes você ficou sem ar? Quantas vezes você desmaiou por que seu corpo precisava de oxigênio? Como você ficaria se você precisasse ficar com uma mangueira dentro de sua garganta pelo resto da vida, e quando você pensar em tirar, você lembra que aquilo é o seu ar?
E se fosse igual outro garoto que não vi o nome, que ele nasceu sem os buracos do nariz e tiveram que fazer uma cirurgia pra fazer os buracos, como seria passar os primeiros mêses ou anos da vida com duas coisas no seu nariz e se você tirar, seu buraco do nariz fecha, e você não respira mais?
Reflitam
-q

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Introdução

Acho bom citar aqui que, como estarei falando de hospital, e seus pacientes, peço para aquelas pessoas que são sensíveis, achem seus limites.
Não que eu vá falar algo pesado o bastante pra alguém não ler, maas vai saber, ?
Boom eu irei escrever aqui algumas histórias de vida. Vidas sofridas, vidas nada saudáveis, que na maioria das vezes não é igual a sua, por que se fosse você estaria lá também (Y) E deixarei algumas perguntas pra refletir, então será bem construtivo, educativo, e fará bem pra você!
Hmm, sobre mim... Eu sou uma menina de 13 anos, que moro apenas com minha mãe e minha irmã, mas minha irmã vai morar com meu pai daqui uma semana. Já estava com ideia de criar esse blog a um boom tempo. E me desculpe se meu português estiver errado, farei ao máximo pra ele estar certo! Boom, eu tenho um vocabulário simples, e tals, sou cheia de mania de Internet, maas para melhor leitura vou escrever certo. [ou tentar -q]
Bom, eu vou na UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] e na Enfermaria Infantil, daqui de Uberlândia no Campus da UFU, de 15 em 15 dias, então não será todo dia que eu terei posts ._.
É isso, sejam bem vindos!
Beijos, Cah